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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Construtora nega ter recebido alerta de sindicato sobre problema na obra.

Segundo presidente do Sintracon, engenheiro de produção avaliou base do equipamento e permitiu que obra seguisse. Odebrecht rebate versão.


info acidente arena corinthians - 2 (Foto: arte esporte)A Odebrecht, construtora responsável pela obra da Arena Corinthians, soltou nota oficial negando ter recebido alerta do Sintracon (Sindicato dos Trabalhos nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo) sobre problemas na área do acidente que matou dois operários na quarta-feira.
A construtora contesta a afirmação de Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon, que afirmou que, horas antes da tragédia, houve um alerta de problema na base do guindaste. Mas o planejamento da obra não foi modificado.
- A Odebrecht Infraestrutura e o Sport Club Corinthians Paulista esclarecem que não houve nenhum alerta prévio ao acidente e negam a ocorrência dos eventos relatados pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo. Esclarecem também que tal sindicato não representa os trabalhadores que realizavam as operações de movimentação de guindaste e colocação de estrutura metálica na obra da Arena Corinthians. Esses trabalhadores são representados pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins do estado de São Paulo (Sintrapav SP). O Sintrapav SP esteve na manhã desta quinta-feira, dia 28, no canteiro de obras, junto com o Ministério Público e Ministério do Trabalho, apurando informações sobre o acidente. A Odebrecht reafirma seu rigor nos procedimentos de segurança do trabalho. Até essa quarta-feira, a obra havia registrado 9,5 milhões de horas trabalhadas sem acidentes graves - disse a empresa, em nota. 
O presidente do Sintracon sustenta que, horas antes da tragédia, houve um alerta de problema na base do guindaste. Segundo Ramalho, às 8h da manhã da última quarta-feira, um técnico de segurança do trabalho da obra avaliou que havia um problema na base do guindaste e chamou um engenheiro de segurança, que concordou com a avaliação inicial. Por conta disso, este procurou um engenheiro de produção, que não apontou o problema e disse que aquele era um assunto de engenharia civil. Com esta conclusão, a obra seguiu seu planejamento de colocação da última treliça da cobertura da área leste. Quatro horas depois, o guindaste caiu, atingindo três estruturas e matando duas pessoas. Ainda de acordo com Ramalho, os nomes dos envolvidos já estão com a Polícia.
Ramalho explicou ainda que, após o acidente, o Sintracon recebeu uma denúncia anônima relatando a história acima. A Odebrecht rebateu as acusações, informando que o Sintracon responde por edificações leves, o que não seria o caso da Arena. Ramalho, em contrapartida, alegou que a maioria das empresas terceirizadas, principalmente as empreiteiras da obra, estão ligadas ao Sintracon. A Polícia Técnica fez uma perícia no local. E a Defesa Civil fez nova vistoria e manteve a interdição de 30% da obra.
- Ao que parece, houve um erro de cálculo na estrutura da base do guindaste. É preciso esperar a avaliação da perícia para ver se a obra poderá ser paralisada - resumiu Ramalho, explicando que somente após a perícia há como definir o rumo da obra.
Ramalho acrescentou que, apesar da denúncia, tudo precisa ser avaliado com muito cuidado, pois este tipo de procedimento ocorre o tempo todo. E, especialmente nesta obra, há uma ligação afetiva de muitos trabalhadores que torcem para o Timão.
- Temos de ter muita cautela ao analisar denúncias vindas da obra da Arena Corinthians porque aqui é uma festa. A maioria dos trabalhadores torce pelo clube, muitos trabalham 14 horas por dia sem reclamar e fazem churrasco aos fins de semana. 
Flávio Ferreira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins do Estado de São Paulo, também rebateu a versão de Ramalho, ressaltando que acompanha a obra o tempo todo e não presenciou qualquer irregularidade. 
- Nós acompanhamos a obra desde o início. Não há nenhuma denúncia documentada. Sempre tivemos uma relação aberta com a Odebrecht. Se algo falhava, pedíamos manutenção imediatamente. A empresa sempre atendeu, o que ocorreu foi uma fatalidade. Nosso sindicato já está em contato com o Ministério Público - retrucou Ferreira.
Paralisação dos trabalhos verticais
Todos os trabalhos verticais na obra da Arena Corinthians - ou seja, aqueles que envolvam guinchos e guindastes - podem ser paralisados até o dia 12 de dezembro, quando haverá uma reunião no Ministério Público do Trabalho para apurar o que de fato aconteceu no acidente que matou dois operários na quarta-feira. A informação é de Flavio Ferreira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins do Estado de São Paulo.
Segundo ele, a Odebrecht já foi notificada. A empresa nega, mas admite que o Sindicato tem o direito de pedir a paralisação da obra. A princípio, os trabalhos serão retomados na segunda-feira, passado o período de luto pela morte dos dois operários.
Duas empresas terceirizadas fazem os serviços verticais, a Alufer e Locar. Com a paralisação deles, a obra seria limitada aos trabalhos de acabamento. 

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