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domingo, 11 de agosto de 2013

Luxa pede gol de barriga no Fla-Flu: 'Vou usar o mais gordinho que tenho'

Em entrevista o técnico do Fluminense  Vanderlei Luxemburgo revela

arrependimento por não ter levado Romário às Olimpíadas em 2000.


Às vésperas do seu primeiro Fla-Flu no comando do Tricolor, Vanderlei Luxemburgo abriu as portas de casa para o Esporte Espetacular. Riu, brincou, tocou pandeiro, falou sério, até mostrou a adega de vinhos que tem na sala. E ainda tirou uns minutos para paparicar os netos. Ao falar sobre o clássico, lembrou do histórico gol de barriga de Renato Gaúcho na decisão do Campeonato Carioca de 1995. Naquela ocasião, era o técnico do Flamengo e saiu derrotado. Passaram-se 18 anos, e ele quer que a barriga decida novamente para o clube das Laranjeiras. E fez piada para explicar por que deseja que a história se repita.
– Vou pegar o jogador mais gordinho que tenho, e ele vai fazer o gol de barriga. Em 95 foi até bom. O Flamengo não merecia ganhar o Carioca. Tivemos uma semana horrível, cheia de problemas. Sou Flamengo, mas hoje o que eu mais quero é ganhar deles. Profissional não tem time. Meus netos são flamenguistas, mas todo mundo vai usar a camisa do Fluminense – disse o treinador, com muito bom humor.
A oscilação do Tricolor na temporada não preocupa. Os dois títulos brasileiros conquistados nos últimos três anos (2010 e 2012) fazem Luxa acreditar que é só uma questão de tempo para que o time encaixe novamente e volte a brigar na parte de cima da tabela.
– É normal. O Fluminense está no topo nos últimos três anos, está na quarta temporada de um projeto. Deu ênfase à Taça Libertadores, e houve um abalo depois que não ganhou. Vamos ter que buscar de novo. O Fluminense vai ser campeão da Libertadores. Quando se disputa várias em alto nível, acaba ganhando. Estamos num processo de recuperação para voltar ao topo – explicou.
Luxemburgo falou mais. Hoje diz que deveria ter levado um jogador mais experiente às Olimpíadas de Sydney, em 2000, e Romário é logo citado. Não perde a oportunidade de provocar a ex-presidente do Flamengo Patricia Amorim, que o demitiu numa queda de braço sua com Ronaldinho Gaúcho. O hoje técnico do Fluminense falou mais, e você confere agora os melhores momentos.
Mosaico - Técnico Vanderlei Luxemburgo (Foto: Raphael Bózeo)
Romário na Seleção olímpica em 2000 (Jogos de Sydney)
Tivemos uma reunião na época e decidimos, junto com a CBF, não levar nenhum jogador acima de 23 anos, porque na última experiência (1996) não deu certo. Levaríamos só o Ronaldo, que tinha 24, mas ele se machucou. Mas hoje eu levaria o Romário ou outro qualquer. O problema era a relação dos mais velhos com os mais novos, o que gerou problemas anteriores. Hoje eu faria diferente.
Relação com ídolos
O direito de cada um termina quando começa o direito do outro. No Palmeiras, eu afastei o Edmundo, e a diretoria entendeu que ele deveria ser afastado. Eu sempre bati muito de frente porque não aceitava entrar no meu espaço. Hoje me dou com todos eles. Marcelinho, Edilson, Romário. Só não me dou com o Edmundo por uma questão na Justiça... Ele teve que se encaixar no processo do Palmeiras. Voltou e foi campeão comigo. A mesma coisa com o Marcelinho Carioca. Já no Flamengo, o Romário foi afastado, e eu saí do clube. Com o Ronaldinho não houve afastamento. Patrícia Amorim entendeu que tinha me mandar embora e ficar com ele. Um time campeão começa pelo dirigente. O Corinthians perdeu para o Tolima e manteve o Tite. Olha o resultado.
Neymar comemora gol do Barcelona contra o combinado da malásia  (Foto: Agência AP)Último título brasileiro em 2004
As pessoas começam a mensurar muito em função de dois, três anos. Eu pergunto: quantos títulos Alex Ferguson ganhou no Manchester? O cara ficou 30 anos lá e ganhou duas Ligas dos Campeões, jogando constantemente. Você não é campeão toda hora. No Campeonato Brasileiro você tem 12 grandes clubes em condições de ganhar, mais oito que são de ponta, como Coritiba e Atlético-PR. É uma competição difícil. As pessoas querem que você ganhe toda hora. Se pegar (meu currículo) na década, você vai ficar cansado. Conquistei dois brasileiros e seis estaduais e levei cinco clubes para a Libertadores.
Neymar
Achei que ele ficou o tempo necessário no Brasil. Não deveria ter saído tão cedo. Agora precisa jogar com os que vão jogar o Mundial aqui. É um amadurecimento fundamental. Acho que vai se tornar o melhor jogador do mundo, seguramente.
Goleada do Barcelona no Santos
Caiu muito mal, foi uma coisa mal planejada. Senti-me envergonhado, pois é o nome do futebol brasileiro. O Santos tem uma história bonita. O melhor do mundo jogou lá, foi acostumado a ganhar do Milan em final do Mundial. Para o futebol brasileiro é muito ruim. Tem que se preparar para um jogo como esse. Pegaram um time espetacular e não se prepararam. É muito perigoso.
Seleção brasileira
A única coisa que contesto é a saída do Mano Menezes, e não a volta do Felipão. Ele é o último campeão do mundo, sabe lidar com a situação, conseguiu fazer com que o brasileiro se envolvesse de novo com a Seleção. O Parreira também tem lastra experiência e não quer ser mais técnico. Acho que a equipe é muito jovem, tem muitos jogadores que vão disputar o primeiro Mundial. A história das Copas não é dessa forma, e essa Seleção não tem muitos jogadores calejados. O mais calejado é o Thiago Silva, e agora o Julio Cesar, que voltou. O que pesa a favor é que a Copa do Mundo será aqui.
A fita rosa no braço direito, lembrança de um amigo que esteve em Aparecida para ver o Papa, é apenas um enfeite. Vanderlei jura não ter feito três pedidos à santa. Com fé no seu trabalho, o novo técnico do Fluminense não descarta o Brasileirão. Seu sonho passa por uma vitória sobre a Ponte Preta neste domingo, a partir das 16 horas, no Moisés Lucarelli.
Sua relação com o Fred é boa?
É. Quando ele estava no América-MG, tentei levá-lo para o Santos. E chegamos perto...
Conversou com o Abel depois que assumiu?
Não, mas pedi ao filho dele (Fábio) o telefone. Vou ligar.
Sentiu-se rejeitado pela torcida do Fluminense?
Isso é coisa do futebol. O cara que é tricolor não quer um rubro-negro no seu clube, mas muda de ideia quando olha o currículo. Joguei no Botafogo, mas era flamenguista. O Abel jogou no Vasco, mas era tricolor. Joel Santana é vascaíno. E quer alguém mais rotulado como português vascaíno do que o Antônio Lopes? Não existe. E ele trabalhou no Fluminense, no Flamengo... Comigo, fazem críticas pesadas porque criei algumas coisas no futebol. Quando você é de vanguarda, passa por isso.
Como assim?
Hoje, todo clube tem nutricionista, fisiologista, assessor de imprensa. Briguei por isso.
Os clubes que te demitiram não pagaram um preço alto em multas?
A multa é da lei. Quem quebra um contrato tem que pagar. E isso é previamente discutido com dirigentes e advogados.
Por que acha que foi demitido do Flamengo?
Não sei. Saí após classificar o time para a fase seguinte da Libertadores. A presidente Patricia foi envolvida porque o (Michel) Levy (vice de finanças) quis. Eles tinham que pagar o meu contrato, né? Quer ver outra coisa? O Grêmio me mandou embora porque não classifiquei o time para a Libertadores. Fui demitido e tenho que pagar?
Você saiu do Flamengo por culpa do Ronaldinho? Vocês têm alguma relação?
Tenho certeza de que foi. Não tenho relação, nem faço questão de ter. Mas liguei para o Kalil (presidente do Atlético-MG) e dei os parabéns pelo título da Libertadores.
O Fla errou ao demitir você?
Achei que erraram. O Michel Levy foi o grande culpado, com o Luiz Augusto Veloso, que é um ministro sem pasta. Ele não decide, mas fica trabalhando por trás. Foi um equívoco, mas passou.
Você já teve problema também com Romário, Edmundo... É difícil a relação com estrelas?
Tive, mas, depois, convoquei Romário e Edmundo para a seleção. Todo grande clube tem que ter um grande dirigente que segure as desavenças e coloque os profissionais nos seus lugares.
Kleber Leite, em 1995, e Patricia, em 2011, falharam nesse aspecto, no Flamengo?
Com certeza. O que o Romário ganhou para o Flamengo? Um Campeonato Carioca (na verdade, dois). E o Ronaldinho? Um Carioca. E o Flamengo continuou...
Kalil enquadrou Ronaldinho?
Ouvi que ele chegou a afastar o Ronaldinho. Ele soube colocar o jogador no seu lugar. É o dirigente que tem que dizer para o jogador: "Você ganha mais dinheiro, é o cara, mas tem responsabilidade".
O Edmundo...
Pula essa pergunta.
Por que parou de usar terno?
Isso é outra babaquice. No clima daqui, não vejo necessidade. E a Unimed é a patrocinadora master do clube. Tem também a Adidas. A Nike me patrocina. Existe uma relação profissional.
Sentiu-se rejeitado pelo presidente do Fluminense?
É normal um candidato à vaga de uma empresa ser entrevistado. E o presidente do Fluminense não é obrigado a gostar de mim. Não achei anormal. Achei legal...
Sua carreira está em declínio?
O Alex Ferguson ganhou quantas Ligas dos Campeões? E o Capello? E o Mourinho? Ganhei cinco Brasileiros, o mais difícil campeonato do mundo. E o pessoal acha que é muito ruim! As pessoas não estão contentes, não. Querem que eu ganhe tudo. Você tem que analisar a década e, não, os últimos três anos. Fui campeão brasileiro em 2003 e 2004 e ganhei mais alguns títulos. Quantos profissionais ganharam na história da sua carreira o que ganhei em uma década? Isso é sacanagem. Você não consegue ganhar tudo. O Flamengo foi campeão invicto. Quantos campeonatos invictos o Flamengo e o Fluminense têm na história? Agora, Estadual não vale? Se eu perco o Estadual, levo porrada. Quando ganho, vocês dizem que não vale nada. Quem imaginava que o Flamengo ia à Libertadores com aquela confusão toda que estava lá? Quem imaginava que o Grêmio ia? O pessoal fala muito porque quer me dar porrada.
Dá para pensar em título pelo Fluminense?
Dá. A primeira coisa é entrar no G4 e ver a distância em relação ao primeiro colocado, para aí sim falar em conquista. Tenho que recuperar o time, que é bom e tem que começar a ganhar.
Você ainda quer ser presidente do Flamengo?
Já firmei esse conceito há muito tempo. Não me traz benefício nenhum discutir isso agora que estou trabalhando no Fluminense. Não me deixa confortável. Não quero ficar falando em Flamengo porque respeito o clube que me contratou e está pagando o meu salário. Respeito o Fluminense. Não quero discutir minha condição de rubro-negro mais.
Já está pensando em aposentadoria?
Não. Ainda tô com a pipa apontada pro céu (risos).



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